ANO 5 | Edição Setembro 2025
WCM’25: Palco Mundo debate humanidade em meio a avanços tecnológicos
Na edição de 2025, o WCM reuniu quase duas mil pessoas em Belo Horizonte para discutir o papel do cooperativismo na construção de um futuro melhor. Em um mundo de constantes transformações, avanços tecnológicos e polarização, esse modelo de negócios se torna cada vez mais essencial para lembrar que as pessoas são, e devem sempre ser, a base de tudo.
Ronaldo Scucato, presidente do Sistema Ocemg, destacou a urgência de trazer jovens e mulheres para o centro das decisões. Márcio Lopes, presidente do Sistema OCB, defendeu a renovação das estruturas de governança das cooperativas. Já Ariel Guarco, presidente da ACI, chamou atenção para o reconhecimento com a declaração do Ano Internacional do Cooperativismo pela ONU.
Danni Suzuki, atriz e embaixadora da ONU, abriu o evento com a palestra "o futuro é humano". A atriz orientou que as empresas devem equilibrar a chegada da tecnologia com a humanização dos processos, sem comprometer a cultura organizacional. "A importância de passar valores para os jovens é que eles acessem, formem caráter e construam as próprias identidades", destacou.
A ONU se manteve presente com Andrew Allimadi, coordenador de Questões Cooperativas. Para ele, a inteligência artificial está redesenhando a forma de trabalhar e tomar decisões. "Precisamos adotar a IA para compartilhar recursos, melhorar a tomada de decisão e inovar tecnologicamente com responsabilidade social", destacou.
Além disso, no primeiro dia de Palco Mundo:
- O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues; José Roberto Ricken, presidente do Sistema Ocepar; e Tânia Zanella, superintendente do Sistema OCB discutiram os caminhos do coop até 2035.
- O filósofo canadense Michel Seguin abordou a ética como vantagem competitiva.
- Tony Ventura discutiu futuro, novas tecnologias e demonstrações ao vivo de inteligência artificial.
- Gil Giardelli palestrou sobre a integração entre a IA e a inteligência humana.
- Monica Verma, CEO da Cyber Foyer debateu os impactos da inteligência artificial no cooperativismo e a humanização da tecnologia.
Palco Mundo: dia 2 coloca a IA no centro das discussões
Os desafios e oportunidades da inteligência artificial conduziram diversos debates do WCM 2025. No segundo dia, Lisiane Lemos, mentora no Black Founders Fund do Google e secretária de Inclusão Digital do Rio Grande do Sul, trouxe dados importantes sobre o tema: embora a IA já alcance mais de 90% dos brasileiros, apenas metade entende o que essas ferramentas são.
Annette Collisy-Lenzen, especialista em desenvolvimento de liderança, também palestrou sobre o impacto da IA na gestão. Ela defende que, com a chegada dessa tecnologia, as habilidades humanas nunca foram tão necessárias. Apesar dos desafios, ficar de fora não é uma opção. “A IA não vai substituir você, mas vai substituir a pessoa que não souber trabalhar com IA”, explica.
Quem também defende essa tese é a diretora de inovação e design do Cartão Elo, Duda Davidovic. A especialista disse que, para se manter relevante no mercado, será preciso adotar uma mentalidade digital que vá além de aplicativos e sites. "O risco de não fazer é maior do que o risco de fazer e lidar com a possibilidade de dar errado. Ficar de fora da inovação pode ser irreversível", afirmou.
O último dia de evento acabou com o painel "O Cooperativismo Como Protagonista da Nova Economia". Moacir Krambeck, presidente do Sistema Ailos e ex-presidente da Confebras, entende que a tecnologia deve ser vista como ferramenta de eficiência, mas nunca como a solução em si. "Somos uma instituição de gente, então a tecnologia precisa ser entendida como ferramenta e não como solução. A solução são as pessoas."
Leia a reportagem completa no Mundo Coop!
Cooptech Summit: IA é protagonista do primeiro dia
O Cooptech Summit, palco paralelo organizado pela Coonecta focado em inovação no cooperativismo, discutiu a inteligência artificial, o ingresso do cooperativismo no mercado de seguros e apresentou cases de sucesso. Na abertura, Alessandro Faria, cofundador da Multicortex, alertou que a IA irá transformar todos os setores e deve ser vista como uma ferramenta que devolverá tempo às pessoas.
A IA também foi assunto de um painel que debateu a aplicação da tecnologia no cooperativismo de crédito, com Nelmo Aquino, do Sicoob Credicom; Ulysses Pacheco, da AWS Brasil; e Alex Lara, da Skopia.
Já Rafael Souza, da Ubots, mostrou como a IA pode qualificar leads e apoiar as cooperativas no atendimento por WhatsApp. Por fim, Wagner Martin, da Veritran; Elson Justino, do Sicoob Central Crediminas; e Diogo Angioleti, da Transpocred conversaram sobre a adoção da IA no setor cooperativista.
O doutor Hélio Gomes de Carvalho e Eduardo Sampaio, analista de Inovação do Sistema OCB, conversaram sobre como a série de normas ISO 56000 apoia a inovação. A transformação digital, por sua vez, foi assunto em painel que mostrou como processos inteligentes apoiam a eficiência operacional, com Rodrigo Junqueira, da Nexum Tecnologia; Arthur Menegale, do Sicoob Credicom, e Evaldo Matos, da Coopmetro.
O primeiro dia de Cooptech Summit ainda teve:
- Carlos Roberto Alves de Queiroz, da Susep, falando sobre os desafios e oportunidades do cooperativismo no novo Ramo Seguros.
- George Laporta, do Sicoob, apresentou o Pacto Sistêmico de Estratégia do Sicoob, explicando a metodologia de planejamento para coordenar as singulares.
- José Gustavo Costa, do Sicredi, detalhando a jornada do sistema na adoção de uma IA multimodelo e open source.
Captação de recursos, Web3 e atendimento digital para os mais velhos
O segundo dia no palco Cooptech Summit começou com uma discussão urgente sobre intercooperação com foco em inovação, reunindo o palestrante Leandro Branco; Felipe Ferreira, do Sicoob Credicom; e Lorena Miranda, da Coopama. Em seguida, Fernanda Freitas, da Inovação da ABGi Brasil, apontou os caminhos para captar recursos para inovação após a abertura do FNDTC para as cooperativas.
Adriel Moro e Richard Oliveira, da Fáciltech, explicaram como ferramentas de gestão visual podem ajudar a identificar gargalos e otimizar fluxos de trabalho. O advogado Fernando Lucindo, especialista em cooperativismo e tokenização, discutiu como a Web3 muda as regras da confiança digital, do dinheiro e da internet.
Rafa Silva, head do Horizontes Hub e head de inovação da Unimed-BH narrou como o hub expande a atuação para todo o ecossistema de saúde, não sendo exclusivo da Unimed BH, a partir de uma abordagem ambidestra, de forma a "dar pequenos saltos intercalados com grandes saltos", explica.
Para encerrar o palco, Lucas Kubiaki, do Banco Mercantil, contou a trajetória de transformação digital do banco com foco no público acima dos 50 anos, que tem menos intimidade com a tecnologia, mas pode ser bem atendido por meio de ferramentas online adequadas aos seus hábitos.
RH Coop Conference: caminhos para moldar lideranças mais humanas
O RH Coop Conference foi um espaço pensado especialmente para profissionais da área de recursos humanos de cooperativas. Liderança foi o tema principal do primeiro dia. Logo no painel inicial, Fernanda Chidem, diretora comercial da Cooperativa Coletiva, mediou a conversa "RH estratégico na prática: a visão das lideranças das cooperativas".
Frederico Peret, da Unimed-BH, e Warlen Ferreira de Freitas, da Cooperativa Comigo, explicaram que a gestão de pessoas é necessária para garantir a essência cooperativista em todos os setores de uma cooperativa. Na sequência, Débora Ingrisano, do Sistema OCB, mostrou como a área de pessoas pode focar em desenvolver as lideranças, usando autoconhecimento e psicologia.
Bruna Motta e Thamires Souto, da Localiza&Co, apresentaram o case da Universidade Localiza para explicar a importância de investir em educação corporativa. Quem também defendeu a importância da capacitação de colaboradores foi Kasuo Yassaka e Willians Pressi, da Yassaka.
Alessandro Faria, cofundador da Multicortex, subiu ao palco em seguida para falar sobre os impactos da IA no mundo do trabalho. Faria apontou que os seres humanos são movidos por ondas de transformações e é preciso saber se adaptar.
Finalizando o primeiro dia, Márcia Mello, do Sicredi Confederação, discorreu sobre a abordagem sistêmica do Sicredi para explicar que a cultura de uma cooperativa deve ir além das palavras: ela precisa estar nas ações, nas decisões do dia a dia. Veja a reportagem completa no site da Coonecta!
A importância da cultura cooperativa
As atividades do segundo dia começaram com Mariana Porto, da Coopersystem; Diogo Anderson Angioleti, da Transpocred; e Raquel Campos, da Unimed BH. Além de debater sobre cultura, os especialistas falaram sobre engajamento e propósito nas cooperativas grandes e médias.
Douglas Zilio da Lecom, veio em seguida para indicar o papel do RH na revolução digital dentro das organizações. Ainda pautando inovação, o designer educacional da Ânima Soluções, Sergio Itamar, apresentou uma palestra sobre o delírio da disrupção, em que indicou os cuidados necessários em momentos de mudança e os perigos de tomar decisões baseadas apenas na vontade de crescer rapidamente.
Segurança do trabalho nas cooperativas foi outro tema debatido no segundo dia. Emerson Franco, fundador do Grupo Colabor, argumentou que é preciso ter um olhar amplo e atento, pois a segurança do trabalho pode ser um diferencial do cooperativismo. Em seguida, colaboradoras do time de RH da cooperativa agropecuária Comigo apresentaram o case "Programa de Cultura Viva Comigo: da estratégia à prática".
O diretor e facilitador da Team Building Brasil, Paulo Vinícius Souza, abordou as chamadas "Human Skills" na última palestra do evento. Para ele, as cooperativas devem enxergar a aprendizagem dos colaboradores como uma necessidade estratégica. Por fim, Maíra Santiago, da Cooperativa Coletiva, proporcionou um momento de consolidação dos aprendizados proporcionados pelo RH Coop Conference.
Veja antes de ir:
- O cooperativismo é – e precisa ser – um aliado na promoção da saúde mental, já que um dos seus princípios é justamente promover o bem-estar das comunidades onde atua. Especialistas apontam que a psicologia, quando unida a esse modelo de negócio, pode aumentar o acesso à saúde mental e ao desenvolvimento intelectual no Brasil.
- Em momentos de pressão, quando os negócios não vão bem e mentir ou omitir parece a decisão certa, como manter a honestidade nas decisões de uma equipe? A pesquisa Gender composition and conflicts of interest in the financial industry trouxe uma resposta interessante: diversidade de gênero.
- Enquanto avanços tecnológicos e ferramentas como IA tomam conta do mercado, habilidades humanas se tornam cada vez mais essenciais. A pesquisa Skill dependencies uncover nested human capital mostra que profissionais com as chamadas “soft skills” têm mais chances de receber salários altos, avançar de cargos, e se adaptar melhor a mudanças.
- A web3 promete revolucionar os modelos de negócios físicos e digitais, fortalecendo o relacionamento entre clientes com marcas. A web3 se baseia na descentralização, com uso da tecnologia blockchain, para estabelecer uma maneira controlada de interação entre diferentes players. A PwC mostra como preparar o seu negócio para a web3.
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